Lembro-me dos versos de Vinicius de Moraes, no poema "Enjoadinho" que dizem: "Filhos melhor não tê-los, mas se não tê-los como sabê-lo?" O mesmo se passa com os fios, se eles não existissem ainda estaríamos numa vida muito restrita. Eles são condutores de progesso. Muita coisa boa passa por eles, principalmente a eletricidade, a voz, o som e por aí vai...
Um aparelho, um fio e uma tomada. Muito natural esta sequência. Coisa simples, não é? Não, lógico que não é nada simples pois, quando penso em um fio, sinto-me presa. Se tem um metro estou presa ao aparelho e dele só poderei me afastar quando não precisar mais.
Imagine um telefone com um fio de dois metros: se precisar pegar um copo d'água que está a quatro metros, mesmo com meu braço e meu corpo todo esticado não vou conseguir pegá-lo e vou continuar com sede até a ligação terminar. É assim: preciso do fio mas, ele me limita.
Mas um dia, há alguns anos atrás, soube que existia um telefone sem fio e fiquei sonhando com ele. O primeiro telefone sem fio que usei, estava em Recife, mais precisamente em um apartamento chiquérimo, na práia de Boa Viagem. Tinha acabado de acordar e ainda estava com sono da noitada anterior. Alguém ligou-me, outra pessoa atendeu e trouxe-me o aparelho. Estava com muito sono mas o atendi sem precisar me deslocar até o móvel onde estava a base. Achei um luxo pedi até para tirarem uma foto usando aquela maravilha. "Sem fio" este sempre foi o meu sonho de consumo.
Era uma peça muito cara mas, um dia, comprei um para nós e me senti muito confortável. Hoje fico muito impressionada quando alguém diz que não tem um aparelho destes. Parece-me que parou no tempo!
O melhor de tudo foi quando inventaram o telefone celular que, além de ser sem fio, me conecta com outra pessoa de qualquer lugar - ele é móvel e eu também - como diz Verdi -" la donna è mobile" e mobilidade é quase sinônimo de liberdade!
Há uns dias atrás, tinha que fazer uma vitrine para a Evviva, do Casa Park, e pedi duas bandeiras do Brasil, bem grandes para usá-las como caminho de mesa, só que era preciso passá-las a ferro. Levei o ferro de passar e uma extensão pois temia que a tomada ficasse longe e já sabia que ia passar sobre uma cama. Quando chequei lá, encontrei duas tomadas que não funcionavam! Que tragédia! Procuramos a que ficava mais próxima e tivemos que desligar um telefone sem fio de sua base para ligar a extensão, mas como ela não ela longa o suficiente, eu esquentava o ferro, tirava da tomada, passava a bandeira até ter que tornar a esquentar novamente. Depois de mais ou menos uma hora, a primeira bandeira estava pronta e eu apreensiva com o horário porque vinha uma fotógrafa, do Jornal de Brasília para fazer uma foto, e eu estava morta de cansada. A sorte foi que um anjo apiedou-se de mim e conseguiu uma extensão com tamanho suficiente para eu não ter que ficar ligando e desligando o ferro para passar a segunda bandeira. Foi ótimo, porque assim terminei na metade do tempo que usara para a primeira e pude sair atrás do que faltava para completar a vitrine que ficou linda!
Pois é: tudo com fio é muito bom, mas "sem fio" isto que é um luxo!
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